Depois de ler ontem uma parte do livro de Camus, compreendi que tenho sido egoísta. Sim, só penso em mim quando o recordo, quando sinto saudades e quando as lágrimas saem. Sinto pena de mim por já não o ter.
Quando me lembro dele, talvez me sinta melhor e seja uma forma de comprar um perdão. Os deveres que eu não cumpri…
E sim, a memória!
Tenho raiva da minha fraca memória que me faz esquecer pessoas que se cruzaram comigo e tantos momentos da minha vida.
Sim, tenho medo de o esquecer…
“Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?!
Como admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra! A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós durante a vida inteira. Mas sabe porque somos sempre mais justos e generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles, já não há deveres. Deixam-nos livres, podemos dispor do nosso tempo, arrumar a homenagem entre o copo de água e uma gentil amante, nas horas vagas, em suma.
Se algo nos impusessem, seria a memória, e nós temos a memória curta. Não, é o morto de fresco que nós amamos nos nossos amigos, o morto doloroso, a nossa emoção, enfim, nós próprios.”
A queda - Albert Camus
quarta-feira, 12 de março de 2008
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