domingo, 30 de novembro de 2008

Oh my heart I

Enquanto conduzia, as lágrimas caíam e expurgava as culpas por não ter feito aquela viagem mais vezes.
Chegou a casa dele e o seu cheiro permanecia como se ele ainda estivesse presente. Os objectos continuavam imóveis à espera, como se ele tivesse saído só por um momento.
O relógio de pé estava parado e o tempo já não voltava para trás.
Sentou-se no sofá onde ele se costumava sentar e viu a menina que se sentava ao colo do pai.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Waiting for the moon

Andamos desencontrados.
Quando estou distante, queres ver-me. E quando estou perto, foges de mim.
Mas eu sei que mais tarde ou mais cedo encontramo-nos no sítio do costume.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Where the streets have no name

Hoje voltei a encontrar aquele rapaz no metro. Tem o cabelo muito comprido,usa uma t-shirt, calças largas de verão, sandálias e tem os braços tatuados com uns traços finos.
Traz uma mochila às costas e tem um olhar distante mas intenso.
Saiu do metro, chegou à rua e caminhou com uns passos largos com as sandálias que conhecem todas as ruas.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Há musicas e filmes assim...



Filme: V for Vendetta
Musica: Bird Gehrl - Antony and the Johnsons

domingo, 23 de novembro de 2008

Desafio do AP

Em resposta ao desafio do meu amigo AP, aqui fica:

Banda: Tindersticks

1) És homem ou mulher? Her
2) Descreve-te: The not knowing
3) O que as pessoas acham de ti? For those not so beautiful
4) Como descreves o teu último relacionamento: Sometimes it hurts
5) Descreve o estado actual da tua relação: No more affairs
6) Onde querias estar agora? Here
7) O que pensas a respeito do amor? Sweet memory
8) Como é a tua vida? Walking
9) O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Travelling light
10) Escreve uma frase sábia: Watching the days go by isn’t half the fun it used to be

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Eu sei que o amor existe

Gosto de ver um casal, que encontro algumas vezes no metro de manhã. Vão em pé e ele ampara-a com o seu braço. Trocam algumas palavras ou olham um para o outro em silêncio. Quando o metro pára em S. Sebastião, dão um beijo cúmplice que os vai acompanhar para o resto do dia. Ele sai. Ela olha para ele até o perder de vista. Ela fica com um ar pensativo mas satisfeita e sai no Marquês de Pombal.
Ao fim do dia, regressam a casa depois de ela ir buscar o filho à escola. Conversam, riem-se e às vezes discutem.
Jantam e saboreiam a companhia do outro.
O filho vai dormir e depois de partilharem as tarefas domésticas, olham um para o outro com um sorriso. Fazem amor todos os dias, mesmo quando estão exaustos. Sentem o calor dos corpos e o sabor nos lábios.
Por fim, adormecem na cama quente que o amor aqueceu.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Where is my mind

Percebi que não tenho pensado em ti. Já não me lembro de ti. Fiquei triste.
O tempo, a rotina e os meus pensamentos por vezes fúteis e egoístas afastam-me cada vez mais de ti. Tenho de visualizar a tua imagem. Tenho medo de te perder para sempre e não ter nada para recordar. Assusta-me que a minha memória apague tudo e me deixe um duro vazio. Os dias e os meses que passam são injustos.
Lembra-me de me lembrar de ti. Sempre.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sensações LXIV



Joan As Police Woman - The Ride

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Aerodinâmica

- Noutro dia disseram-me que eu era um avião.
- Um avião?
- Sim. Resta-me escolher se sou um airbus ou um boeing.
- Eh pá. Não percebo nada. Isso é muita areia para a minha camioneta.
- Não sabia que tinhas uma camioneta.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tindersticks no Coliseu



A Tindergirl hoje está feliz
Os bilhetes já reservou
Espera não haver busílis
E o amigo JB já aceitou.

Na primeira fila vão ficar
Para o Stuart ela admirar
Vai ser de embasbacar
Quando para o palco ela saltar.

Já o AP amigo
Em pé quer ficar
Seria um sério castigo
Não poder dançar e pular.

Ao poeta vadio agradece
E ao amigo Miguel também
Dia 13 de Fevereiro aparece
No coliseu como convém.

domingo, 16 de novembro de 2008

Do i disappoint you?

Ao ler as palavras que ela escreveu, estava incrédulo. Não conseguia acreditar que fosse a mesma pessoa que conheceu há uns anos atrás. Sempre a considerou uma mulher bonita, inteligente, mas conheceu-a frágil e tímida. Agora ela parecia uma mulher tão diferente. Parecia mais forte e segura, mas ainda conservava um certo laivo de ingenuidade.
O que será que lhe aconteceu depois de tanto tempo sem a ver?
O que será que a fortaleceu?
O mistério permaneceu e decidiu ler mais e mais para tentar conhecê-la novamente.
Não sabia, desde aí, o que a vida lhe deu, o que lhe tirou e o que ela aprendeu.
Para satisfazer a sua curiosidade, tinha de ouvir a voz dela e olhar para os seus olhos que sempre foram transparentes. Aí sim, ia entender.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Obrigada!

Há momentos assim…
Levados pela musica que vinha das entranhas da terra.
Entrou dentro de nós e despertou-nos as emoções mais escondidas.
Nadámos juntos no líquido amniótico.
Sentimo-nos livres e o nosso grito foi libertado para o Universo.



Sigur Rós - Popplagið

terça-feira, 11 de novembro de 2008

E hoje é dia de...



Sigur Rós - Sé lest

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Excertos dos últimos livros que li I

Era quase meio-dia. Na ampla Rua El Azhar, transbordando duma multidão colorida e despreocupada, Gohar voltou a deparar com a plenitude. Era aquele o seu universo familiar, no seio desta multidão indolente, espraiando-se assim pelos passeios ou pela calçada, e isto apesar do intenso tráfego dos automóveis, dos fiacres, das carroças, e até dos eléctricos que passavam com a velocidade de bólides assassinos. O brando sol do Inverno vertia o seu benfazejo calor por sobre este fervilhar inextricável.
Milhafres pairavam nas alturas, mergulhavam sobre a multidão, logo retomando o voo com um naco de carne podre no bico; ninguém dava sequer pelas sábias manobras de tais aves. Grupos de mulheres paravam diante das lojas de tecidos; asperamente discutiam horas a fio para comprar coisas como lenços estampados. Miúdos divertiam-se enfurecendo os condutores de veículos, pondo-se de propósito ali no meio da rua, a atrapalhar. Os condutores lançavam pragas, amaldiçoando-os a eles mais às mães que ali não estavam,e acabavam por esborrachar uns quantos.
De dentro de todos os cafés ladeando as ruas, aparelhos de rádio difundiam a mesma voz lamurienta dum cantor em voga. E lúgrebe coisa era a música que lhe servia de acompanhamento, quanto às letras, lá iam penosamente dando conta de desgraças e lamentos dum amor contrariado. Gohar lembrou-se do vizinho morto, da gritaria das carpideiras, e estugou o passo. Mas não havia meio de fugir desta voz enlutada, ela estava em toda a parte, dominando o tumultuar da rua.
Gohar parou instintivamente, como se pressentisse uma zona de brandura, a promessa duma deliciosa alegria por entre o confuso rumor ambiente. Diante duma loja vazia viu um homem de certa idade, de roupa cuidada, dignamente sentado numa cadeira, olhando passar a multidão com um ar nobre e de despego. O homem tinha uma atitude majestosa extraordinariamente surpreendente…

"Mendigos e altivos - Albert Cossery"

sábado, 8 de novembro de 2008

Já não sou quem era

A arrumar um armário encontrei papéis antigos que escrevi e descobri que fui doce e que amei.
Revi um pedaço da minha vida e constatei que acreditei e falhei.
Concluí que me tornei numa pessoa diferente.
A outra morreu ou foi levada pelo tempo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

V



Apareceu com a sua máscara habitual que só eles os dois conheciam. Já tinha passado mais de um ano. Às vezes ela lembrava-se dele e sabia que mais tarde ou mais cedo ele voltava a aparecer. O sentimento que os unia era muito forte embora mal se conhecessem. Ele voltou e ela não se mostrou surpreendida. Abriu-lhe a porta e deixou-o entrar. Recebeu-o da forma como ele gostava. O tempo passou mas o desejo permanecia constante e intenso.
Ele dizia “Remember, remember the 5th of November” e ela nunca o esqueceu.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Esta insatisfação, não consigo compreender...

Os dias sucedem-se uns atrás dos outros. O tempo não pára nem abranda para conseguires fazer tudo aquilo que desejas. Tentas fazer a melhor selecção de forma a sentires uma frustração menor. Tens a mania que sabes tudo aquilo que queres e o que não queres. És cada vez mais exigente contigo e com os outros. Praticamente nada nem ninguém te surpreende. Mas continuas a querer encontrar. Tens momentos felizes em que cantas, ris e danças. No dia seguinte já passou e volta tudo ao mesmo.
Fazes um esforço para continuar a acreditar e voltas à tua luta utópica.
O tempo escasseia mas achas que ainda não é tarde demais.
Estás cego. O teu sonho cruzou-se contigo e tu nem o viste.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O verdadeiro part-time

- O que fazes?
- Entre outras coisas, sou vendedor de sonhos.
- O quê? Que grande tanga! Os sonhos não se podem vender ou comprar.
- Diz-me qual é o teu sonho e vais ver.
- És portanto uma alma bondosa que anda aqui para fazer os outros felizes. Em troca de mentiras?
- Se acreditares, é a verdade.
- Deixa-te de tretas comigo. Acho que fazias melhor se vendesses produtos oriflame ou herbalife.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A patilha sensual

Gosto de ver uma boa e bonita patilha num homem.
Aquela porção de pêlos que ligam a barba ao cabelo à frente da orelha deve ser bem definida e desenhada sem ser muito curta ou fina.
Sou capaz de ficar num estado de encantamento a olhar durante algumas horas para as patilhas do Stuart Staples.
Ainda bem que já falta pouco tempo para voltar a vê-las ao vivo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sensações LXIII



Tindersticks - No more affairs

Se eles não vierem a Lisboa, vou eu ao Porto em Fevereiro de 2009...

domingo, 2 de novembro de 2008

(Are you) the one that i've been waiting for?

Um dia encontrei-te.
A partir daí escrevemos cartas um ao outro. Gastámos muitas palavras que teimavam em sonhar e iludir.
Andámos num balão que voou pelas nuvens da nossa imaginação.
Ficámos muito juntos, a sentir e às vezes sem nada dizer.
As despedidas doíam mas existia sempre a próxima vez.
Um dia culpei as palavras que estavam cansadas.
Um dia olhámos um para o outro mas desencontrámo-nos
Depois percebemos que o balão se perdeu.