quinta-feira, 26 de julho de 2007

6 Meses

O tempo cura tudo?
Só quando conseguimos esquecer. E eu não quero esquecer-te.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

A magia do silêncio do carrossel

O papagaio dizia olá repetidamente.
A mulher lavava os utensílios para fazer as farturas.
A feira estava silenciosa.
As crianças brincavam com um cão em frente às roulottes.
Os carrosséis estavam parados.
Ele dirigiu-se logo para aquele grande carrossel e sentou-se em cima de uma girafa. Com a idade dele o carrossel parecia gigante.
Saiu a correr e percorreu todo o carrossel a subir e a descer. Ria-se muito e nem se importou muito que o carrossel não estivesse a funcionar.
Assim, o carrossel era todo dele e a imaginação também.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

terça-feira, 17 de julho de 2007

You don't know me

- Sabes, tenho andado a pensar e acho que ninguém me conhece verdadeiramente bem, assim como eu também não conheço bem pessoas que me são próximas.
- Eu acho que te conheço bem.
- Claro que não. Conhecemo-nos há poucos anos.
- Mas tu pareces transparente e fácil de conhecer.
- Tive um pensamento um bocado mórbido. Talvez a melhor forma de conhecermos alguém seja no funeral dessa pessoa, quando se reúnem vários familiares e amigos que a conheciam e contam muitas histórias que viveram com ela. Mostram as várias facetas dessa pessoa e as histórias todas reunidas talvez correspondam quase à imagem real dela.
Claro que há sempre algumas pessoas que não estão presentes no funeral, porque já morreram antes ou não souberam ou não quiseram ir e logo aí existem falhas. Há segredos e experiências que morrem mesmo com a pessoa.

domingo, 15 de julho de 2007

Let's dance

Entrou na livraria e olhou para todas as prateleiras cheias de livros. Não procurava nenhum livro em particular mas finalmente os seus olhos pararam no livro do Coetzee “Desgraça”. Abriu-o e leu a primeira frase “Para um homem da sua idade, cinquenta e dois anos, tem resolvido bastante bem, segundo ele, o problema do sexo.”
Pegou nele e dirigiu-se à caixa para pagar. Horas mais tarde estava a lê-lo e a ouvir o cd que o João lhe gravou. A música e a leitura não podiam ser melhores. O João tinha uma sensibilidade fora do comum e cada musica que gravou era a prova disso.
O Nuno estava parado no meio da discoteca cheia de gente. Olhava para todos os lados e parecia perdido. Depois veio ter com ela e começou a falar da musica dos anos 80. Não parava de falar e ela pediu-lhe delicadamente que a deixasse dançar a musica de The cure “In Between Days”.
Ela tinha-lhe dito para esperarem. Tinha a certeza que ainda ia dar “Love will tear us appart”.
Quando a musica começou a tocar, ele transformou-se e começou a dançar de uma forma muito mais livre e com prazer.
Ficava mesmo feliz, quando olhava à sua volta e via todos aqueles rostos a sorrir.
A noite acabou, mas a musica continuou ...


“It's four in the morning, the end of December
I'm writing you now just to see if you're better
New York is cold, but I like where
I'm living There's music on Clinton Street all through the evening.

I hear that you're building your little house deep in the desert
You're living for nothing now, I hope you're keeping some kind of record…”

Famous Blue Raincoat – Leonard Cohen

terça-feira, 10 de julho de 2007

Vai uma aposta?

- Sabes aquelas duas cuscas lá do trabalho?
- Sim, sei são inconfundíveis. Toda a gente as conhece..
- Hoje encontrei-as outra vez a falarem baixinho e a darem aqueles risinhos irritantes.
- Coitadas. Devem ser tão pobres de espírito e então tentam divertir-se com a vida dos outros.
- Pois é. Claro que também toda a gente sabe que existem por lá umas relações escondidas e até extra-conjugais.
- But, who cares?
- Eu não quero saber. Eles é que sabem…
- Mas elas estão sempre alerta a todos os movimentos. Olham com um ar desconfiado e quando um parzinho vai tomar café, fica logo registado e aí está mais uma potencial história para elas comentarem.
- Ehehehehe
- Sabes, aposto que elas até já fizeram uma aposta conosco?

sábado, 7 de julho de 2007

A verdade da mentira

Os últimos meses provaram que andei adormecida.
Enfrentei a vida sempre a sonhar. Sonhei que era verdade.
Despertei e vi que já não tenho de mostrar nada a ninguém.
Foi-se também a ingenuidade de acreditar na verdade fingida dos outros.
Acabaram-se os castelos feitos no ar.
Agora sou eu que estou aqui a escrever e a perguntar se isto é crescer.
O desprendimento aumentou mas continuo presa a ti e a ti, e a vários objectos que fazem parte do meu dia-a-dia.
Talvez tenha subido só um pequeno degrau do que a vida me reserva.
Agora sinto-me serena e nem quero saber o que estás a pensar de mim.
Sinto-me mais eu, mesmo que isso seja duro.
Mas digo-te que estou a sorrir.

domingo, 1 de julho de 2007

Cheira bem, cheira a Lisboa

Nas feiras, romarias e santos populares cheira a sardinha. Cheira também a farturas e algodão doce.Somos todos iguais. Somos o povo com um sorriso nos lábios.Ouve-se o riso das crianças a andarem no carrossel e sempre a pedirem mais uma volta.Os adultos também se divertem nos carros de choque. E a miscelânea de música mistura-se no ar.Já tenho saudades daquele carrossel grande que sobe e desce e tem girafas e chávenas que rodam.Ainda um dia destes vou encontrar um...