quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Que força é esta?

Esta força pede-me para caminhar.
Não sei de onde vem, mas sinto-a dentro de mim.
Quando vejo este sorriso, sei que não posso parar.


Fado de uma vida

Amanhecer faz - nos pensar.
Sem depender d'onde estamos,
Nasce a força devagar.
Uma luz que precisamos
Uma luz para navegar

Amanhecer faz - nos sentir.
Sem depender quem somos,
Uma força parece unir,
Ser o que já fomos
Ser Grande e partir.

Luís Alvelos

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Banda sonora

A vida tem uma banda sonora que nos acompanha em cada momento que vivemos.
Musicas que não se esquecem. Alegres, contagiantes, tristes, de revolta, de amor …
Só não sei qual foi a musica que ouvi quando me despedi de ti.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Boa noite

Um dia vou visitar-te e visto um vestido bonito.
Depois deixo que me contes as tuas histórias e que me mostres tudo o que queres que eu veja.
Quero levar-te a jantar aquele bom restaurante onde gostas de ir e vamos beber um bom vinho.
Fico a ver-te rir e a escutar aquelas coisas que raramente dizes.
Quando entrarmos no carro podes escolher os cds da tua música e vamos os dois a cantar.
Vamos passear pela avenida e ver o mar.
Quando chegarmos a casa, espero que tenhas sono e te vás deitar.
Depois vou aconchegar-te e dou-te um beijo.
Boa noite! Dorme bem!

domingo, 28 de janeiro de 2007

A minha alma partiu-se como um vaso vazio

"A minha alma partiu-se como um vaso vazio"
Sinto uma dor que me consome e um vazio invade a minha alma.
Foi tudo tão rápido. Foram tantos abraços, tantas lágrimas, palavras sentidas, olhares doridos. Ouvi tantas histórias…
Conheci muitas pessoas, revi outras que pareciam estar já perdidas no tempo.
Sinto que cresci, cresci muito.
O meu sorriso desapareceu. Estou atordoada, partida, perdida.
Sinto-me culpada.
É muito cedo para ficar sem ti. Talvez seja sempre cedo…
Desculpa a minha ausência. Não estava ao pé de ti. Estavas tão sozinho mas estávamos muito mais próximos nos últimos dias e mostraste-me o teu amor.
Não sei como vou viver sem ti.
Eras a minha companhia quando te ligava ao fim do dia depois de sair do trabalho.
A quem vou ligar agora? E a tua voz? Tenho saudades da tua voz.
Vou sentir a falta do teu colo. Sentia-me ainda a tua menina. Acho que ela também partiu não sei para onde com o seu encanto e o brilho nos olhos.
Talvez agora seja já uma mulher que aprendeu uma lição em dois dias. Dois longos e rápidos dias em que me lembrei de tantos momentos que passámos juntos, em que te agradeci e te pedi perdão e em que te perdi para sempre.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

A culpa

- Tenho a culpa?
- Não, não tens.
Fiquei a pensar como já conhecias a palavra culpa. Quem te terá ensinado? Eu nunca te disse. É uma palavra tão pesada e ás vezes é tão difícil lidar com ela.
Gostava que não voltasses a dizê-la. És inocente e bonito demais para teres culpa.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Take me out

Depois de um dia com algumas emoções fortes e stress à mistura, entrei no carro e liguei o rádio na Radar. Começou a dar "Take me out" de Franz Ferdinand. Coloquei o volume quase no máximo. Foi bom...
Era mesmo o que eu precisava de ouvir.


So if you're lonely
You know I'm here waiting for you
I'm just a cross-hair
I'm just a shot away from you
And if you leave here
You leave me brokenshattered I lie
I'm just a cross-hair
I'm just a shot then we can die
I know I won't be leaving here
With you

I say don't you know
You say you don't know
I say... take me out

I say you don't show
Don't move time is slow
I say... take me out

I say you don't know
You say you don't go
I say... take me out

If I move, this could die
If eyes move this can die
I want you... to take me out

I know
I won't be leaving here
(With you)
I know I won't be leaving here
(With you)
I know I won't be leaving here
(With you)
I know I won't be leaving here
With you

I say, don't you know
You say you don't know
I say... take me out

If I wait this could die
If I wane this could die
I want you to take me out

If I move, this could die
If eyes move this can die
Come on... Take me out

I know I won't be leaving here
(With you)
I know I won't be leaving here
(With you)
I know I won't be leaving here
(With you)
I know I won't be leaving here
With you

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Quando falas ...

Quando falas comigo, eu estou atenta ao que dizes. Falas muito, divagas, passas para outro assunto que para ti, está relacionado com o anterior. E continuas a falar…
Eu não digo nada. Fico só a olhar-te até fazeres silêncio. Depois olhas para mim, sorris, aproximas-te e beijas-me.
Depois dizes-me algo baixinho ao meu ouvido e finalmente sinto que estás comigo.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Babel

Fui ver o Babel.
Porque é que falamos e não dizemos nada?
Porque não nos ouvimos no silêncio?
Porque é que não olhamos os outros nos olhos?
Porque não dizemos o que nos vai na alma?
Porque não sentimos o que o outro sente?
Porque andamos sempre tão perdidos?
Porque queremos o mais fácil?
Porque estamos tão distantes?

domingo, 21 de janeiro de 2007

42 km

- Hoje tomei uma decisão.
- Qual foi?
- Não vou apaixonar-me por alguém que viva a mais de 42 km.
- Ahahaha! Porquê 42 km?
- Acho que fixei esta distância como o limite aceitável. É a distância da Figueira da Foz a Coimbra.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

São só 300 km

Hoje vinha a caminho de casa e já em Benfica tive de fazer uma travagem brusca porque de repente alguém ia a atravessar a estrada e não era na passadeira.
Logo depois da travagem, vi que ele ia a olhar para o chão, com um ar cabisbaixo e perdido e acho que nem se tinha apercebido que estava de facto a atravessar uma estrada com muito movimento. Reconheci que era o Bruno. Já o conheço há alguns anos. O Bruno tem 34 anos, é arquitecto, é uma pessoa bem disposta e vive com a Ana há alguns anos.
Encostei o carro, abri a janela e chamei-o. Tive de o chamar várias vezes até ele me ouvir.
Quando chegou ao pé do meu carro, disse para ele entrar. Olhei para ele e vi que tinha os olhos vermelhos e um ar pesado e triste.
- Então Bruno! O que se passa? Atravessaste a estrada sem olhar e podias ter sido atropelado…
Ele fez silêncio e depois perguntou-me:
- Posso fumar um cigarro?
- Sim, claro que podes.
Ele acendeu o cigarro e continuou com um olhar vazio.
- Bruno, o que tens?
- Acabei de vir da gare do Oriente. A Ana foi-se embora para o Porto.
- Mas o que a Ana foi fazer para o Porto?
- Vai trabalhar para lá.
- Não precisas de ficar assim. São só 300 km.
- Mas não estás a perceber. Ela acabou tudo.
- Acabou?
- Sim.
- Mas porquê?
- Também gostava de entender. Só há 2 semanas é que me disse que ia para lá e que a nossa relação já não fazia sentido. Disse que já não sente o mesmo por mim e que agora como ia trabalhar para o Porto, sabia que a nossa relação não ia aguentar e que mais tarde ou mais cedo teria de acabar. Disse-me que não suporta a distância e que preferia sofrer agora a separação. Disse que odeia despedidas e que já estava a imaginar que mesmo que nos víssemos todos os fins-de-semana, depois tínhamos de despedir-nos, vermos o outro partir e aguentar mais uma semana e que não ia conseguir.
- Mas não se acaba assim um amor que já dura há tantos anos.
- Eu ainda não acredito nisto. Eu disse-lhe que tentava arranjar trabalho no Porto mas ela acha que não é assim tão fácil, que ainda demorava algum tempo e que não quer viver com os “se”. Pediu-me para aceitar a decisão dela pois era o melhor para os dois. Ela nem queria que eu a fosse levar à gare do Oriente, mas eu insisti. Ainda estou a ver a cara dela colada à janela do comboio a olhar para mim.
- Oh Bruno. Eu também não acredito no que me estás a contar. Vais ver que ela vai pensar melhor. Não pode acabar assim...
- A Ana é uma mulher decidida. Quando toma uma decisão, nunca volta atrás.
- Mas há decisões e decisões…
- Já me sinto tão perdido sem ela. Como é que vou chegar a casa e saber que ela não vai voltar? Como é que vou conseguir dormir, sem a ter ao meu lado? Ela é a pessoa que eu amo, com quero viver para sempre. Já a conheço tão bem e claro que ela tem os seus defeitos, mas nunca me impediu de ser feliz. E agora?
- Agora vais ter calma e não fiques a pensar que esta decisão é já definitiva.
- Eu só não a quero peder. Nunca vou conseguir gostar de outra pessoa, nem quero ficar como alguns colegas meus que andam na net a pôr perfis naqueles sites para conhecer pessoas, depois falam com elas no msn e acham aquilo muito engraçado. Depois conhecem-nas e só têm desilusões. E andam nisto, recomeçam e só conseguem sentir um grande vazio.
- Oh Bruno, olha o que já estás a imaginar. És mesmo maluco. Queres vir jantar a minha casa?
- Acho que não. Obrigada. Preciso de ficar sozinho. Tenho de pensar nisto tudo. Também tenho de acabar um projecto, mas não vou conseguir concentrar-me.
- Eu vou levar-te a casa. Já estamos perto.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O Elixir Da Eterna Juventude

- Sabes, não parece mesmo que tens 38 anos…
- Porque dizes isso?
- Porque estás mesmo bem conservada e para além disso é a tua voz, o teu entusiasmo. Pareces mesmo uma miúda
- Não digas isso. Já tenho rugas e muitos cabelos brancos.
- Mas diz lá qual é o segredo.
- Sei lá. Não faço nada para que tal aconteça. Mas sonho muito…
- Então é isso.

O Elixir Da Eterna Juventude

Estou velho!
dói-me o joelho
dói-me parte do antebraço
dói-me a parte interna de uma perna
e parte amiga da barriga
que fadiga
o que é que eu faço?
escolho o baço ou o almoço?
vira o osso dói o pescoço
é do excesso do ex-sexo
alvoroço perco o viço
já soluço já sobroço
esmiúço os meus sintomas
e já agora, do meu médico os diplomas
esmiúço a consciência e já agora,
apresento a penitência
Ah que estou arrependido
de ter feito e de ter tido
ai coração, ora seja como a que ouvi na igreja
Mea culpa, mea culpa
minha máxima desculpa
é ter vindo p´ro presente conservado em aguardente
Quero ser p´ra sempre jovem
as minhas células movem
uma campanha eficaz água benta e água-raz

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p´ra que tudo fique igual estava marado falsificado é desleal!
Vou implorar aos apóstolos
mas é pior, que desgosto-os com tanto pecado junto
não lhes pega nem o unto
Vou recorrer aos meus santos
esses, ao menos, são tantos
que há-de haver um que me acuda
senão ainda tenho o Buda
Maomé vai à montanha o papa,
ninguém o apanha na Rússia,
o rato rói a rolha venha o diabo e escolha

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p´ra que tudo fique igual
estava marado falsificado é desleal!

Misticismo agora à parte
envelhecer é uma arte \"arte-nova\", \"arte-final\" numa luta desigual
Só me vou pôr de joelhos
ante o mais velho dos velhos
e perguntar-lhes o segredo de p´ra ele inda ser cedo
Quando o espelho me mira
já nem o chapéu me tira
deito-lhe a língua de fora
pisco o olho e vou-me embora

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p´ra que tudo fique igual
estava marado falsificado é desleal!

Sergio Godinho

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Emanha

Quem vive na zona centro de Portugal conhece uma das melhores geladarias do Mundo. A primeira abriu em plena Avenida na Figueira da Foz em 1980. Depois abriram mais na mesma cidade e agora até já existe uma em Lisboa. Chama-se Emanha e sim, estou a fazer publicidade porque merecem.
Há excursões de Coimbra, Viseu e todas as zonas circundantes à Figueira. Quem come lá um daqueles deliciosos gelados, não os esquece nunca mais e voltam lá seja verão ou inverno.
São verdadeiras orgias de taças de gelados…

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

A fotografia dos meus avós

O quadro da foto dos meus avós estava pendurado na sala da casa deles. Era uma foto grande dos anos 30. Estavam os dois com um ar sério e apesar de serem novos já tinham um ar envelhecido.
Havia poucas fotografias daquela altura, mas também me lembro daquela que todos nós gostávamos de ver. Era o pai do meu avô, com o seu cavalo e um papagaio ao ombro.
Tinha uma barba comprida e uma espécie de cartola na cabeça. Sei que emigrou para o Brasil e escrevia várias cartas para a família em Portugal.
Acho que os meus avós e bisavós não tiveram adolescência ou juventude como a maioria tem agora. Passaram de uma infância curta para um estado adulto com muito trabalho duro e muitas rugas no rosto.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

31 de Outubro de 2005

Nos últimos tempos só ouvia Antony and the Johnsons. Logo depois ouvi a noticia que vinham ao coliseu, mas eu não podia ir. É só mais um daqueles concertos que eu vou perder…
Dois dias antes, soube que afinal estava disponível para ir. Consultei na net e vi que já só havia um bilhete à venda. Estava mesmo à minha espera. Eu conhecia várias pessoas que iam e uma delas até me perguntou se eu queria ficar num lugar disponível do camarote que tinham comprado.
Mas não, eu queria mesmo ir sozinha. Estava decidida, que aquele ia ser o primeiro concerto a que ia sozinha.
Fui das primeiras pessoas a entrar no coliseu e sentei-me mesmo ao lado do palco.
O concerto começou e o Antony tocou só para mim.
Senti que já não precisava de ti.
Senti que finalmente era livre.
Senti que a partir daquela noite tudo ia ser diferente e respirei de alívio.
Obrigada Antony!

Bird Gerhl

I am a bird girl now
I've got my heart
Here in my hands now
I've been searching
For my wings some time
I'm gonna be born
Into soon the sky
'Cause I'm a bird girl
And the bird girls go to heaven
I'm a bird girl
And the bird girls can fly
Bird girls can fly

domingo, 14 de janeiro de 2007

Domingo

Hoje é domingo. O domingo é um dia tão pouco produtivo. Ficamos na preguiça em casa ou vamos dar uma volta e de repente o dia já passou.
É dia de ir à missa para os devotos. É dia de vestir o melhor fato e pôr perfume. Nunca me vou esquecer da miscelânea de perfumes enjoativos que as beatas usavam que pairava na igreja e que me deixava com vontade de vomitar.
Também nunca entendi porque tanta gente vai aos domingos vaguear nos centros comerciais. Famílias inteiras com filhos passeiam naqueles corredores e acho que nem vão comprar nada, isto em domingos em que nem sequer está a chover.
Afinal, o que procuram?
Na cidade onde nasci e cresci, aos domingos à tarde, as pessoas vão dar a “volta dos tristes”. Esta volta consiste em irem de carro pela a avenida e depois estacionam ao fundo, no Cabo Mondego e ali ficam. Os homens ouvem o relato de futebol no rádio do carro e as senhoras fazem renda ou malha. Outros vão sozinhos, lêem um livro dentro do carro e vão olhando para o mar.
Depois voltam para as suas casas e assim acabou um domingo. Acho que aos domingos não se pensa. É o vazio completo. Apenas se espera que aquele dia passe.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Porque não vais sozinho?

- Hoje não me apetece ir ao cinema. Vai tu.
- Sozinho não vou.
- Então porquê?
- Não gosto…
- Mas porque não gostas?
- Não sei bem. Sinto-me a asfixiar, acho que toda a gente está a olhar para mim…
- A olhar para ti? As luzes apagam-se e estão todos a olhar para o écran.
- Sim, mas no início antes de as luzes se apagarem começam a olhar para mim e até parece que têm pena de mim e perguntam: será que ele não tem amigos?
- Que paranóia a tua…
- Para além disto tudo, no final do filme não tenho ninguém com quem falar.
- Para quê?
- Para comentar o filme.
- Ahahaha! Quando vais comigo ao cinema, no final nunca comentas o filme. Dizes só se gostaste ou não e se eu quero falar sobre o filme, tu mudas logo de assunto.
- Vem comigo…

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

E depois do adeus

Ontem ouvi no rádio a noticia que o Morrisey está em conversações com a BBC e poderá vir a representar o Reino Unido na próxima edição do festival da Eurovisão.
Isto aconteceu depois de Morrisey ter manifestado o seu descontentamento em relação ao resultado que o seu país alcançou.
Por falar no festival da Eurovisão, há alguns anos atrás era um acontecimento social e talvez um dos mais importantes do ano. A família reunia-se nesse dia a ver na tv e cada um dava a sua opinião e escolhia a sua canção preferida.
E muitas vezes, aguardavam ansiosamente pelas votações e reclamavam com a pontuação que os outros países nos atribuíam.
A maior parte das vezes, a nossa canção ficava no fim da lista da classificação.
Há canções bonitas que não esquecemos, mesmo quando não vimos esses festivais porque ainda não tínhamos nascido ou porque éramos demasiado pequenos.
Como por exemplo, o “Sol de Inverno” com a Simone de Oliveira:

“Sonhos que sonhei
Onde estão
Horas que vivi
Quem as tem
De que serve ter coração
E não ter o amor de ninguém”

Ou “E depois do adeus” com o Paulo de Carvalho:

“Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer renasci”

Ou “Silêncio e tanta gente” com a Maria Guinot:

“Ás vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também um sim alegre ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão”

E tantas outras com o Fernando Tordo, José Cid, Carlos Paião, Armando Gama, etc…. Foi mais uma época de glória em que tentámos acreditar em nós e no nosso país.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

O concerto do Stuart

Naquele dia queria chegar cedo ao Santiago Alquimista para arranjar um bom lugar para ver o Stuart Staples.
O concerto começou e o Stuart estava mesmo à minha frente. Quase sempre de olhos fechados, dançava com o seu jeito bonito e mexia o pé de uma forma perturbada que eu adoro.
Eu estava tão feliz. Há momentos que são únicos e este era um deles.
Quando o concerto acabou, ficámos ali a conversar. O V. veio de Aveiro para o concerto e tal como eu também estava emocionado. Foi ele que me baptizou com o nome de Tindergirl.
O David veio ao palco para ir buscar alguma coisa. Aproximei-me dele e perguntei-lhe se podia falar com o Stuart. O V. também queria ir e quando o David disse que sim, lá fomos nós atrás dele para os bastidores. Entrámos numa sala pequena. Os músicos estavam todos em pé e o Stuart estava sentado com as pernas esticadas com uma garrafa de cerveja na mão e olhou para nós e sorriu.
Aproximei-me dele e dei-lhe os parabéns pelo concerto, pelos 2 cds. E disse-lhe que para mim, ele tinha uma das vozes mais bonitas do Mundo e corei.
Ele sorriu mais uma vez e agradeceu. Depois autografou-nos os cds e pude reparar nas suas mãos gigantes enquanto escrevia “To Tindergirl love Stuart Staples”
Despedimo-nos e pedimos para ele voltar depressa. Quando saímos daquela sala, eu e o V. abraçámo-nos.
Nessa noite fui a uma discoteca que passa musica dos anos 80, onde já não ia há muitos anos.
Na segunda-feira quando cheguei ao local de trabalho contei a algumas pessoas o encontro com o Stuart. Olharam para mim, sem perceber o meu entusiasmo e perguntaram-me:
- Mas afinal que idade tens tu?

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

A dedicatória da Cláudia

“Para o Príncipe João com um beijinho” foi o que a Cláudia escreveu na terceira página em branco do livro.
Depois do que aconteceu, decidi que sempre que oferecer um livro, vou escrever uma dedicatória. Será que é um acto egoísta?
Penso que não. Afinal demonstra que gosto da pessoa a quem estou a oferecer o livro e que quero assinalar isso com palavras minhas, com a minha letra.
Para além disto, este livro será sempre daquela pessoa e será intransmissível uma vez que escrevo o seu nome.
E daqui a muitos anos, onde estará o livro com a minha dedicatória?
Talvez tenha viajado para outro país e esteja numa prateleira de alguém que nunca ouviu falar de mim.
Talvez seja lido muitas vezes ou esteja simplesmente esquecido.
Mas será sempre um livro que eu escolhi a pensar em alguém.

domingo, 7 de janeiro de 2007

É mais fácil assim

A fidelidade está em vias de extinção.
Há vários casos bem perto de mim que me mostram isso. Em princípio o nosso objectivo é sermos felizes. Se não sentimos essa felicidade e já não estamos bem com a outra pessoa, se o amor acabou, … etc devíamos tomar uma atitude e mudar a nossa vida de modo a sermos coerentes e honestos connosco e com a outra pessoa mesmo que isso magoe e traga consequências.
No entanto, conheço vários casos em que as pessoas preferem continuar ao lado da outra que já não amam, com a desculpa dos filhos ou porque apenas têm medo de tomar uma decisão e de enfrentar uma grande mudança.
Claro que essa decisão implica o risco de ficar sozinho ou pelo menos que não encontre de imediato alguém para partilhar a vida.
Assim, com tantos riscos e com um futuro tão desconhecido e incerto, a maioria opta pela vidinha “segura” com umas noites divertidas e de prazer com as outras. Depois voltam para as suas famílias, brincam com os filhos e desta forma passam os dias, meses e anos em que tudo é falso, mas é muito mais fácil assim…

sábado, 6 de janeiro de 2007

A menina que queria abraçar o Mundo

Era linda, com os seus olhos castanhos grandes e muito expressivos e com o cabelo cheios de caracóis.
Quando tinha três anos ensinei-lhe a contar até dez em inglês. Tinha conversas de adulto, brincava com os seus bonecos minúsculos, inventava histórias e ficava assim horas a fio, sozinha no seu quarto.
Um dia na praia desatou a correr sem parar de braços abertos. Parecia que queria abraçar o Mundo…

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Lembras-te?

- Não tens telemóvel? Não acredito! E agora como fazemos logo à noite. Vais ter comigo ao café e se te atrasas ou surge algum imprevisto?
- Vou estar lá à hora combinada, fica descansada. Se acontecer alguma coisa, ligo-te de algum lado.
- De uma cabine telefónica? Acho que já existem poucas.
- Mas que chata… Sou obrigado a ter telemóvel? Não gosto. Tive um e parti-o num dia de raiva. Prometi que não voltava a ter um.
- Pois, dantes eles não existiam e nós sobrevivíamos. Mas agora é estranho. Já não consigo viver sem ele. E os sms? Agora enviam-se sms por tudo e por nada. Já recebi declarações de amor por sms….
- Isso é ridículo.
- Pois, tens razão. Tens telefone fixo?
- Também não.
- Eu tenho mas raramente toca. Já ninguém liga para o telefone fixo. E lembras-te quando foi a ultima vez que escreveste uma carta?
- Já há alguns anos…
- Eu ainda guardo cartas que recebi. Era tão bom abrir a caixa do correio e ver um envelope endereçado a nós sem ser a conta da luz, água…
- Agora já ninguém escreve cartas.
- Até há dois anos atrás ainda escrevia cartões de Natal da Unicef à família e amigos, mesmo os que viviam em Lisboa. E lembras-te quando fomos para o sótão da casa dos meus pais ler as cartas que eles enviavam um ao outro quando o meu pai esteve na Guiné?
- Lembro-me. A tua mãe ficou furiosa…
- Qualquer dia vou escrever cartas aos amigos que perdi e dizer que ainda me lembro deles. O que achas?
- Acho bem!

Nothing matters when we're dancing

Não imaginas como foi bom ver-te dançar naquela noite e sentir o teu perfume....
Nunca vou conseguir dizer-te.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

O Homem absurdo

Apetecia-me tanto reler aquele livro. Quando te conheci, já ambos o tínhamos lido e era um dos nossos preferidos. Antes de ontem olhei para ele e sorri a pensar no prazer que ia ter ao ler as suas páginas. Estava a lê-lo e a ver-te a ti...
És mesmo parecido com o Mersault. Não sei se decidiste imitá-lo depois de leres o livro ou se és mesmo assim. Às vezes dou por mim a tentar conhecer-te e a explicar as tuas atitudes. No início achava-te estranho. Agora essa tua indiferença já não me magoa e acho piada quando dizes que só fazes o que tens vontade. Também nunca percebi se és feliz assim, se te sentes só e porque compras sempre dois bilhetes para os concertos e a cadeira ao lado da tua está sempre vazia.
O teu olhar parece tão vazio e poucas vezes sorris, no entanto parece que se sentes bem. Eu vou tentar aceitar-te como és e não vou fazer mais perguntas.
Porque será que me interesso sempre por homens absurdos?

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Tarde demais

Como é possivel? Vivemos alguns anos juntos, partilhámos tantos momentos e nunca me levaste lá. Falavas-me de um local secreto e muito bonito e prometeste que um dia me mostravas. Fomos a tantas terras, países distantes...
Há dois dias atrás, estive num sitio tão bonito e lembrei-me de ti. Liguei-te e disse-te onde estava e logo a seguir ouvi um silêncio que parecia não ter fim.
Consegui ouvir depois:
- Sim, conheço. É esse o local que te falei.