Saio e caminho com um passo apressado para encontrar a minha liberdade e um abraço.
Desço as escadas rolantes a pique, da estação do metro do Parque. Enquanto o faço tento reler o maior número de frases nas paredes.
No final sinto tonturas por ter descido tão fundo.
Já conheço algumas caras de pessoas que viajam no metro sempre à mesma hora que eu.
Viajamos com os pensamentos que são nossos e que nos brilham no olhar.
O que nos espera esta noite?
Título: Fernando Pessoa
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
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2 comentários:
Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
(e continua)
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
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