quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Rented rooms

Já pensou fazer uma lista das mulheres que conheceu, que beijou, tocou e possuiu. Ao longo dos anos o número vai aumentando e já perdeu a conta de quantas foram.
De qualquer forma, sabe que já não se lembra do nome de algumas. Aliás, no momento em que esteve com algumas delas, o nome pouco importava para ele. Só queria o corpo delas e usá-las de forma a obter o máximo de prazer.
No entanto, há uma que não lhe sai da cabeça. Ela era doce como o mel e ele tinha adorado o olhar, o cheiro e o sabor dela. Lembra-se que a primeira vez que a beijou e depois entrou nela sentiu um encaixe perfeito e sublime. Nesse momento até ficou com as lágrimas nos olhos por sentir tal perfeição e sintonia entre os dois.
Ele decide sempre a sua vida e costuma ter absoluto controlo sobre ela. Na maior parte das vezes desaparece e elas nunca mais o vêem.
Mas daquela vez foi diferente. E nunca entendeu porque ela não quis voltar a vê-lo.

4 comentários:

Anónimo disse...

A propósito de títulos de Tindersticks, palavras atiradas após os sons no Coliseu,no regresso;
sob o outro lado do mundo:
Tragado pelo toque em permanência dos ventos gelados
retomo o retorno para onde estão preteridos.
o calor já foi ofuscado pelas serpentes
que engoliram os encantadores que detinham a sedução
da sua existência, entregando a doçura à subtracção que
violenta: olhos degolados: dedos invocando as chamas,
atónitas: que numa ínfima fracção de tempo – atrás? –
estavam entregues a esse movimento único – receptor do
convite inevitável: célula obrigatória do estímulo do mais próximo dos
sons: vasos comunicantes estilhaçados pelos braços que por ai se espalhavam.

Aqui me imponho ao que sou; tronco dobrado: completo:
a fabulosa arte da dissimulação!
Os joelhos mordem o queixo: o peito esmaga as pernas descarnadas; envoltas
pelo som de uns braços mudos.
Rendição no condicional; questionada pelo sussurro:
capitulação absoluta: o sangue não se ergue; é impelido pelo instinto.
- és tu silêncio,
ou os teus enviados que oferecem o que é tão simples toldado pelo
mais fátuo dos sentidos?

Lentamente, aproximo o desassossego destas mãos da membrana de vidro,
erradamente avaliada como irreal; mas ali está: inexpugnável:
fustigada pela convulsão do choro.
Ri do triunfo; previsível no estado mais bruto que é possível conceber.
Na rotação ainda mais imperceptível do rosto tomado de assalto pela porção
de luz dessa interrogação perpétua, surge a génese desse estrebuchar óbvio,
- como me permiti a imaginá-lo longínquo?

Aceitas-me de volta a mim?
Permites-me o sono que não busco? deflagrado nas encostas
amainadas pela perda que no fundo sempre rondou: atenta em
tudo o que é, infalível na representação nos palcos mordidos
pelo pó arrastado por este corpo que já não se ergue: os gritos
extinguiram-se num sopro de uns lábios a quem não foram
concedidas tréguas, depois do voo sobre as muralhas submersas.

Foi bom descobrir textos neste teu blog.

Tindergirl disse...

Palavras fortes que me deixaram muda como no concerto. Obrigada pela tua presença aqui :)

Anónimo disse...

Foram palavras vividas conjuntamente com o que atirei para a blitz, sobre um dos mais significativos concertos a que assisti, durante a viagem de regresso ao Porto e, ficaram por aqui como agradecimento pela partilha da imagem do "set list" :)

Obrigado por teres gostado, vou acompanhar por aqui o gosto por Tindersticks e deixar reacções sempre que ler palavras ímpares.

Tindergirl disse...

Pois, já tinha lido o que escreveste na blitz :)
Uma descrição muito boa do que se passou e sentiu naquela sala.