Quando eu era nova, em 1986, estava a acabar o 12º ano e ainda vivia na Figueira da Foz, houve um grande festival de folclore em que participavam vários países da Europa. Chama-se Europeade. A Câmara da Figueira decidiu abrir inscrições para os jovens serem guias desses grupos. Eu decidi inscrever-me e calhou-me um grupo italiano.
Era um grupo coral “Coro dell’ Associazione corale Gran Sasso – L’Aquila”.
Na altura fiquei assustada pois não sabia falar quase nada de italiano.
Quando os fui esperar, vi dezenas de italianos a saírem de um autocarro e pensei que ia ser uma grande aventura. Passei uma semana com eles. Eram raparigas e rapazes bonitos, algumas pessoas mais velhas e o maestro que tinha uns setenta anos.
Nas primeiras horas, lembro-me de achar que eles falavam muito rapidamente e eu só entendia metade do que eles diziam.
Durante essa semana tínhamos de seguir um programa onde eles actuavam e também lhes mostrava a cidade e alguns locais de interesse. Almoçava e jantava com eles e o nosso grupo era um dos mais barulhentos e animados.
Numa noite, no programa dizia que tínhamos de ir ver uma tourada. Decidimos que não queríamos ir e fomos beber uns copos. No dia seguinte, a direcção do festival chamou-me e repreenderam-me por não termos comparecido.
Adorava ouvi-los cantar. Havia os “soprani”, “alti”, “tenori” e “bassi”. Tinham músicas tristes e outras muito alegres.
No dia em que se foram embora, ofereceram-me um vinil deles (o volume III de Folklore Abruzzese) e que ouvi muitas e muitas vezes.
Houve muitos beijos, abraços e lágrimas também. Fiquei a ver o autocarro partir e a dizer-lhes adeus.
Ainda me correspondi durante algum tempo com a Patrizia e o Nicola.
Depois perdi-lhes o rasto.
Vários anos mais tarde e já muito mais crescida, soube que ia realizar-se novamente a Europeade na Figueira.
Fui lá e enquanto via os vários grupos a desfilarem na rua, esperava ver os meus italianos. Até que avistei o Maestro Paolo Mantini. Fui ter com ele e abraçámo-nos.
Nesse ano já não estavam todos os elementos mas foi muito bom revê-los.
Entretanto decidi ir para o instituto de italiano e fui a Itália mas não fui a L’Aquila.
Quando soube da noticia do sismo em L’Aquila e vi as imagens na televisão, fiquei muito triste. Pensei nos meus italianos, no privilegio que foi conhece-los e nos momentos que passei com eles.
O vídeo que encontrei tem uma musica que eles tocavam e cantavam. Aqui fica.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
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2 comentários:
Meu Deus Suzette! Agora lembro-me bem deles! A vida é trapaceira bem certo!
Lembrei-me agora dos meus da Andaluzia - Los Rat Penat. Bjs
Obrigada por estares aqui. És a unica pessoa que viveu estes momentos comigo, há muito, muito tempo.
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