De tempos a tempos viajamos na mesma carruagem do metro. Sempre na primeira carruagem, entre o Marquês e Picoas.
Ele fica sempre junto à porta e é o primeiro a sair. Normalmente fico sempre ao lado dele ou atrás.
É muito diferente da maioria das pessoas que conheço. Tem um ar bastante desprendido daquilo que todas as pessoas precisam de ter para viver.
Costuma trazer numa mão uma espécie de terço mas menor e com umas contas grandes.
Não sei nada dele. Mas quase sempre os nossos olhares se cruzam.
Hoje na curta viagem de metro, olhou para trás e os olhos dele fixaram os meus. Ficámos só a olhar sem nenhuma expressão nos rostos.
Pensei que não seria a primeira a desviar o olhar. Naquele momento pensei que aquele olhar estava a demorar uma eternidade. Acho que não sentimos nada. Quando o metro parou em Picoas, ele finalmente sorriu.
Virou-se logo que a porta abriu e foi o primeiro a sair e como das outras vezes subiu as escadas a correr. Subi calmamente e quando cheguei lá acima ainda consegui ver o cabelo dele a voar.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
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