Disse-me agora que chegou à tua casa. Visualizei o hall de entrada, os quartos até chegar ao meu, aquele que tu escolheste para dormir nos últimos anos. Tenho a certeza que ainda dói.
Abri a janela à meia-noite e quarenta e ouvi um pássaro a cantar.
Entrei aqui e estava outro visitante para além de mim.
Às vezes sinto que continuas presente. Aqui.
domingo, 29 de novembro de 2009
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
A porcaria I
Não me conformo com as vidas vazias, as palavras ocas, os sorrisos fingidos, o tempo perdido com o inútil, a falta de respeito, a normalidade, o querer que asfixia, os traumas por resolver, a futilidade, a beleza falsa e o egoísmo.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
Mr. November
Podia fitar durante horas o rosto daquele homem. Sentado no bar, imóvel fumava um cigarro e olhava a multidão. Parecia alheio e desinteressado e nunca se mexia ao som da música. Por trás daquele olhar era evidente um ar de louco que atrai algumas mulheres. Tinha aquela idade incerta de homem amadurecido. E acima de tudo queria passar despercebido.
Era urgente sair dali para nunca mais o encontrar.
Era urgente sair dali para nunca mais o encontrar.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Gingão gingão
O Zé Manel prepara-se para sair de casa. Sai todas as noites. É um homem solitário.
Toma banho e perfuma-se bem. Gosta de deixar o seu rasto perfumado pelas ruas de Lisboa. Veste sempre uma camisa preta e aquelas botas bicudas que tanto gosta.
Olha bem para o espelho, sorri e sai de casa.
Vai jantar sempre à mesma tasca. Come, bebe vinho e olha para a televisão. Na realidade ele nem vê nada porque só pensa na noite que se aproxima.
Dirige-se para o bar onde costuma ir todos as noites. Entra e pede uma imperial. Fica voltado para a porta a ver as pessoas a entrarem. O seu olhar vai para as raparigas. Bonitas e feias, olha para elas bem de frente com aquele olhar penetrante e sedutor.
Por vezes, quando alguma passa perto ele diz-lhes um piropo quase ao ouvido.
Elas nem olham para ele ou então riem-se e afastam-se.
Nessa noite, naquele mesmo bar viu entrar uma rapariga de cabelo preto brilhante e olhos verdes. Logo naquele momento apaixonou-se e pensou que ela era a mulher da sua vida. Saiu do bar e comprou uma rosa a um indiano. Chegou ao pé dela e enquanto lhe estendia a rosa, disse-lhe:
- Eu sou o Zé Manel. Fica comigo. Eu sou teu.
Ela olhou para ele, agarrou na rosa, bateu-lhe com ela na cabeça e disse-lhe:
- Jamais queria ter uma coisa assim. Já te viste ao espelho?
Ele ficou desolado e confuso.
Não entende bem as mulheres e as suas reacções. Desde sempre que a sua mãe lhe diz:
- Zé Manel, meu querido filho és tão bonito.
O Zé Manel volta sempre para casa sozinho mas nunca perde a esperança e na noite seguinte pensa sempre:
Esta noite é que é.
Toma banho e perfuma-se bem. Gosta de deixar o seu rasto perfumado pelas ruas de Lisboa. Veste sempre uma camisa preta e aquelas botas bicudas que tanto gosta.
Olha bem para o espelho, sorri e sai de casa.
Vai jantar sempre à mesma tasca. Come, bebe vinho e olha para a televisão. Na realidade ele nem vê nada porque só pensa na noite que se aproxima.
Dirige-se para o bar onde costuma ir todos as noites. Entra e pede uma imperial. Fica voltado para a porta a ver as pessoas a entrarem. O seu olhar vai para as raparigas. Bonitas e feias, olha para elas bem de frente com aquele olhar penetrante e sedutor.
Por vezes, quando alguma passa perto ele diz-lhes um piropo quase ao ouvido.
Elas nem olham para ele ou então riem-se e afastam-se.
Nessa noite, naquele mesmo bar viu entrar uma rapariga de cabelo preto brilhante e olhos verdes. Logo naquele momento apaixonou-se e pensou que ela era a mulher da sua vida. Saiu do bar e comprou uma rosa a um indiano. Chegou ao pé dela e enquanto lhe estendia a rosa, disse-lhe:
- Eu sou o Zé Manel. Fica comigo. Eu sou teu.
Ela olhou para ele, agarrou na rosa, bateu-lhe com ela na cabeça e disse-lhe:
- Jamais queria ter uma coisa assim. Já te viste ao espelho?
Ele ficou desolado e confuso.
Não entende bem as mulheres e as suas reacções. Desde sempre que a sua mãe lhe diz:
- Zé Manel, meu querido filho és tão bonito.
O Zé Manel volta sempre para casa sozinho mas nunca perde a esperança e na noite seguinte pensa sempre:
Esta noite é que é.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Canção da revolta
É o desemprego
E o trabalho precário
É um sossego
Do poder autoritário.
Os ossos do povo, chupam
Vivemos numa exploração
Existem os que lutam
E pensam na revolução.
São uns chupistas
Que só querem enfardar
São uns vigaristas
E só sabem aldrabar.
Não podemos continuar
A pactuar e permitir
Temos de tumultuar
E não deixar repetir.
Estas rimas são de revolta
Num Portugal em desgraça
É preciso uma reviravolta
Para arrancar esta mordaça.
E o trabalho precário
É um sossego
Do poder autoritário.
Os ossos do povo, chupam
Vivemos numa exploração
Existem os que lutam
E pensam na revolução.
São uns chupistas
Que só querem enfardar
São uns vigaristas
E só sabem aldrabar.
Não podemos continuar
A pactuar e permitir
Temos de tumultuar
E não deixar repetir.
Estas rimas são de revolta
Num Portugal em desgraça
É preciso uma reviravolta
Para arrancar esta mordaça.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
It's no good
- Não entendo porque te encantaste.
- Pois, na altura era tão óbvio e agora depois de vários meses volvidos, ao ler o que ele tem escrito, sinto que ele já não é a mesma pessoa.
- Claro que é a mesma pessoa. Mas tu estavas cega.
- Só falta dizeres que me avisaste. Eu sei que as pessoas que estão de fora vêem melhor.
- Sim, pensa-se mais claramente e racionalmente.
- Gostava de entender afinal quem foi a pessoa que eu conheci.
- É esta, a que vês agora.
- Pois, na altura era tão óbvio e agora depois de vários meses volvidos, ao ler o que ele tem escrito, sinto que ele já não é a mesma pessoa.
- Claro que é a mesma pessoa. Mas tu estavas cega.
- Só falta dizeres que me avisaste. Eu sei que as pessoas que estão de fora vêem melhor.
- Sim, pensa-se mais claramente e racionalmente.
- Gostava de entender afinal quem foi a pessoa que eu conheci.
- É esta, a que vês agora.
sábado, 14 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Pleased to meet you
Estive a pensar que várias pessoas conhecem-me de formas diferentes.
Umas conhecem o meu lado sério, outras conhecem lado mais divertido, outras o meu lado mais chato, ou o mais triste, ou o mais obscuro, ou o mais íntimo, ou o mais meigo, ou o mais atrevido.
Sou todas elas e sou sempre eu.
Umas conhecem o meu lado sério, outras conhecem lado mais divertido, outras o meu lado mais chato, ou o mais triste, ou o mais obscuro, ou o mais íntimo, ou o mais meigo, ou o mais atrevido.
Sou todas elas e sou sempre eu.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Sensações LXXXIX
Hoje quando regressava de metro ao fim da tarde, sentei-me à frente de dois rapazes com os seus dezoito anos que iam a planear a noite e um engate de miúdas.
Devo ter esboçado um sorriso e um deles disse:
- Esta senhora ouviu a nossa conversa e deve estar a pensar que a nossa juventude está perdida.
E eu respondi:
- A vossa juventude não está perdida e parece que se debate com os mesmos problemas da minha juventude.
Eles riram-se e eu fiquei a ouvir o eco na minha cabeça da palavra senhora.
Devo ter esboçado um sorriso e um deles disse:
- Esta senhora ouviu a nossa conversa e deve estar a pensar que a nossa juventude está perdida.
E eu respondi:
- A vossa juventude não está perdida e parece que se debate com os mesmos problemas da minha juventude.
Eles riram-se e eu fiquei a ouvir o eco na minha cabeça da palavra senhora.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Sometimes I
Foi com um abraço teu no meio do supermercado que me fizeste sentir tão bem.
Ainda hoje de manhã vinha a imaginar-te na mesma carruagem que eu.
É sempre bom encontrar-te por acaso e sentir a tua paz.
Dás-me sem pedir nada em troca.
Parece que entendes os meus silêncios e não exiges que eu fale nem me perguntas porquê.
E sim, existem dias em que preciso dos ramos da tua árvore.
Ainda hoje de manhã vinha a imaginar-te na mesma carruagem que eu.
É sempre bom encontrar-te por acaso e sentir a tua paz.
Dás-me sem pedir nada em troca.
Parece que entendes os meus silêncios e não exiges que eu fale nem me perguntas porquê.
E sim, existem dias em que preciso dos ramos da tua árvore.
domingo, 8 de novembro de 2009
Infinitely late at night
Enquanto dança vê o sorriso dos outros. Sente o prazer. Esse prazer que se atinge quando naquele momento, nada se pensa e tudo se esquece.
Os corpos, já não sabe quem os comanda. Balançam-se e fazem movimentos divertidos ao som da música que é eterna.
Os olhos mantêm-se abertos e vêem tudo em câmara lenta. Naquele momento não existe pressa. E enquanto durar, o tempo não existe.
Os corpos, já não sabe quem os comanda. Balançam-se e fazem movimentos divertidos ao som da música que é eterna.
Os olhos mantêm-se abertos e vêem tudo em câmara lenta. Naquele momento não existe pressa. E enquanto durar, o tempo não existe.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Penso que penso I
Já sabes que nestes dias em que me sinto assim, preciso de silêncio.
Já sabes que sinto saudades tuas e por isso nos dias como hoje, entro numa igreja mesmo que seja só por cinco minutos, para me sentir mais perto de ti.
Já sabes que precisava de um abraço teu e que as lágrimas ficam-me nos olhos e não saiem.
Já sabes que amanhã, sexta-feira tenho de parar porque a minha vida anda muito barulhenta.
Já sabes que tenho de ter coragem para olhar para ti e ver-te naqueles tempos em que tu andavas num passo apressado a subir a avenida em Coimbra.
Já sabes que preciso de ver o teu sorriso e lembrar-me que foste feliz.
Já sabes que tento não pensar para não doer.
Já sabes que fazes-me falta.
Já sabes que sinto saudades tuas e por isso nos dias como hoje, entro numa igreja mesmo que seja só por cinco minutos, para me sentir mais perto de ti.
Já sabes que precisava de um abraço teu e que as lágrimas ficam-me nos olhos e não saiem.
Já sabes que amanhã, sexta-feira tenho de parar porque a minha vida anda muito barulhenta.
Já sabes que tenho de ter coragem para olhar para ti e ver-te naqueles tempos em que tu andavas num passo apressado a subir a avenida em Coimbra.
Já sabes que preciso de ver o teu sorriso e lembrar-me que foste feliz.
Já sabes que tento não pensar para não doer.
Já sabes que fazes-me falta.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Viva o João Aguardela!
Há histórias, emoções e memórias assim. E houve um musico assim.
Hoje há uma homenagem a ele no ccb.
Chama-se João Aguardela.
E ela cega - Sitiados
Hoje há uma homenagem a ele no ccb.
Chama-se João Aguardela.
E ela cega - Sitiados
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Waiting for the moon II
Com a lua cheia, os lobos invadem a cidade. Andam esfomeados e ficam à espreita. Precisam de comida para se aquecerem.
Uns são impacientes, outros mais calmos. As presas conseguem fugir aos primeiros.
São barulhentos e elas ouvem-nos muito tempo antes destes se aproximarem.
Os outros são calmos e mais astutos. Esperam a melhor altura para atacar.
Eles olham-nas e salivam-se. Mostram as garras sem as assustar.
Muitas vezes elas não conseguem escapar.
Uns são impacientes, outros mais calmos. As presas conseguem fugir aos primeiros.
São barulhentos e elas ouvem-nos muito tempo antes destes se aproximarem.
Os outros são calmos e mais astutos. Esperam a melhor altura para atacar.
Eles olham-nas e salivam-se. Mostram as garras sem as assustar.
Muitas vezes elas não conseguem escapar.
domingo, 1 de novembro de 2009
Obrigada António Sérgio
Hoje ao princípio da tarde o JJ ligou-me a dar a noticia.
- Sabes quem morreu?
- Não.
- O António Sérgio. Estou triste.
O António Sérgio, com a sua voz marcante e calma na Rádio que nos deu a conhecer tantas músicas que fazem parte da nossa vida.
Ainda à meia-noite e tal da noite de sexta para sábado, quando cheguei ao meu carro, vim a ouvi-lo até a casa.
Assusta-me. Os nossos pais estão a morrer. As nossas referências estão a morrer.
Acho que estamos a ficar velhos…
- Sabes quem morreu?
- Não.
- O António Sérgio. Estou triste.
O António Sérgio, com a sua voz marcante e calma na Rádio que nos deu a conhecer tantas músicas que fazem parte da nossa vida.
Ainda à meia-noite e tal da noite de sexta para sábado, quando cheguei ao meu carro, vim a ouvi-lo até a casa.
Assusta-me. Os nossos pais estão a morrer. As nossas referências estão a morrer.
Acho que estamos a ficar velhos…
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