terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Atmosphere

Trouxe o canário da Figueira da Foz no dia vinte e sete de Janeiro de dois mil e sete.
Não sei há quanto tempo o meu pai o tinha. Talvez há uns dois ou três anos. O meu pai para dar continuidade, baptizou-o com o mesmo nome do cão, Snoopy, que ofereceram à minha irmã quando ela tinha onze anos . Cão este que viveu dezassete anos.
A partir desse dia este canário tornou-se um amigo e habitante da nossa casa.
Durante muitos e muitos dias animou as nossas manhãs com o seu canto.
Também à noite enquanto eu lavava a loiça, ele cantava ao ouvir o som da água a correr.
Falávamos com ele e ele respondia com o seu piar.
Na sexta feira, dia dezassete de Fevereiro de manhã percebemos que ele não estava bem. Saímos de casa. Sabia que o seu fim devia estar próximo.
Ao fim da tarde cheguei a casa e fui vê-lo. Ele estava no chão da gaiola e respirava.
Agarrei nele e coloquei-o no poleiro mas ele sem forças não conseguia ficar lá.
Tirei-o da gaiola. Ele não ofereceu resistência nenhuma como era habitual. Ficou deitado na palma da minha mão durante uns minutos até se abandonar e morrer.
Eu acho que ele esperou que eu chegasse a casa naquele dia para morrer mais aconchegado.
Era um corpo de penas amarelas que ficou muito leve, pequeno e bonito.
Lembrei-me que tinha uma caixinha do tamanho dele que guardava desde criança. Fui buscá-la ao meu quarto. Estava cheia de papeis escritos por mim com textos da minha adolescência.
Esvaziei-a e coloquei-o lá dentro. Tirei-lhe uma fotografia. Depois fechei-a com a tampa e tirei uma fotografia à caixinha.
No dia seguinte fomos enterrá-lo no jardim por detrás da nossa casa, entre duas árvores.
No fim colocámos pedras em cima.
Não consigo esquecer-me que ele morreu a uma sexta-feira tal como o meu pai e no dia em que fazia cinco anos que um grande amigo meu morreu, no mesmo ano de dois mil e sete, vinte e dois dias depois do meu pai.

1 comentário:

joão josé cardoso disse...

Descansa em paz, canário Snoopy. No bairro onde já tinha conhecido outra ave,tu sempre foste muito simpático, embora um bocado assustadiço.