quinta-feira, 1 de março de 2007

Prometo não falar de amor...

O Luís tem quase 40 anos e vive sozinho. Gosta de chegar a casa e ouvir musica, depois de um dia de trabalho. Depois vai tomar um banho. Ele gosta de tomar banhos longos e quentes. A pele fica vermelha e com rugas e o tecto da casa de banho já está quase preto da humidade dos banhos.
Depois vai preparar o jantar calmamente, enquanto continua a ouvir musica. Ele não tem televisão. Não liga muito ao que se passa no Mundo e não tem paciência para ficar sentado em frente a uma caixa com imagem e som.
Tem alguns amigos e amigas que gostam dele. Às vezes sai para ir ao cinema. Mas gosta de ir ao cinema sozinho. Com os amigos, vai às vezes jantar fora ou beber um copo a um bar.
O Luís é um homem interessante e diferente e a maioria das mulheres gostam dele. Mas ele avisa logo que não acredita no amor e que não quer compromissos.
Até agora, só encontrou a Inês, que gosta dele tal como ele é e que não se importa de partilhar alguns momentos com ele, sem grandes exigências e sem se tornar chata como muitas outras que lhe fazem dezenas de perguntas e querem tentar compreendê-lo mas não conseguem.
O Luís adora o corpo elegante e as curvas da Inês. Os dois corpos já se conhecem muito bem e encaixam-se na perfeição.
A Inês sente-se mesmo à vontade com o Luís. O Luís não costuma dizer-lhe que gosta dela, mas ela aceita-o assim. De qualquer forma ele é muito meigo, à maneira dele e tem uma coisa rara nos homens e que a Inês aprecia bastante. O Luís não ressona e a Inês nunca conseguiu dormir ao lado de homens que ressonam.
Assim, eles ficam juntos algumas noites, mas cada um tem a sua casa.
E é assim que o Luís quer continuar.


"Prometo não falar de amor
De gostar e sentir
Portanto não vou rimar
Com dor ou mentir

Joga-se pelo prazer de jogar
E até perder
Invadem-se espaços
Trocam-se beijos, sem escolher

Homens temporariamente sós
Ai que cabeças no ar

Não interessam retratos
De solidão interior
Não há qualquer tragédia
Mas o vinho a beber

Partidas, regresso, conquista
E fazer
Tudo anotado numa memória
Que quer esquecer

Homens sempre, sempre sós
Preferem perder
Homens temporariamente sós
Ai que cabeças no ar

Homens sempre, sempre sós
Bolas de ténis no ar
Muito batidos saltam
Acabam por enganar

Homens temporariamente sós
Ai que cabeças no ar
Homens sempre sós
Nunca conseguem casar"

'Homens Temporariamente Sós', GNR

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostavas de ser a versão feminina do Luis? Bj

Tindergirl disse...

O Luis é só um retrato. Há muitos homens assim e mulheres também.
Acima de tudo quero ser honesta comigo própria e com os outros :)