quinta-feira, 26 de abril de 2007

Sentir ou não sentir... Eis a questão

- Não achas que a maioria dos homens têm uma enorme dificuldade em dizer o que sentem por uma mulher?
- Não sabes porquê?
- Não. Têm medo?
- Não. Simplesmente na maior parte dos casos não sentem nada.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Sou eu, és tu, somos nós

Naquela noite de 24 de Abril de 1974, o avô foi deitar-se e ligou a telefonia na Rádio Renascença, como era hábito fazer todos os dias. À meia-noite e vinte do dia 25 de Abril, começou a tocar “Grândola, vila morena”. Esta era a segunda senha para a nossa Liberdade.
Na manhã de 25 de Abril, os pais da menina de cinco anos foram levá-la ao Jardim-escola João de Deus. Passadas duas horas foram buscá-la e voltaram para casa. Havia uma revolução. Não sabiam o que podia acontecer.
A menina de cinco anos, no dia 1 de Maio, lembra-se de percorrer as ruas da cidade às cavalitas do pai com um cravo vermelho na mão. As ruas estavam cheias de gente que gritavam com entusiasmo “O povo unido jamais será vencido”.
O pai da menina de cinco anos ofereceu-lhe um vinil com uma canção da Ermelinda Duarte. A menina decorou a letra rapidamente e a partir daí quando a família se reunia com os avós, tios e primos, ela subia ao seu palco e cantava com alegria:

"Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos do rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que,
à força,ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás."

Somos livres – Ermelinda Duarte

domingo, 22 de abril de 2007

Palavras de amor

O respeito
O carinho
O tempo que passou
O pressentimento
O medo de ser feliz e perder
O que lhes aconteceu
Os dias, os meses
O olhar
O sorrir
Abraçados
A pele quente
Sentir
A certeza
A beleza
Voaram
Sonharam
Amaram

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Hoje ia ligar-te

Hoje ia ligar-te para te dar os parabéns pelos teus 40 anos
Hoje ia ligar-te como o fazia todos os anos
Hoje ia ligar-te e ia dizer-te que já nos conhecemos há vinte anos
Hoje ia ligar-te e íamos rir-nos os dois
Hoje ia ligar-te para te dizer que és importante para mim
Hoje ia ligar-te e ias dizer-me que estavas feliz
Hoje queria ligar-te

terça-feira, 17 de abril de 2007

À espera

Eles são velhos. Têm os rostos marcados com muitas rugas. Rugas de alegria, tristeza, trabalho e sabedoria.
Muitas vezes falam com eles com indiferença e sem respeito. Ninguém se imagina com a idade deles e parece uma realidade longínqua.
Eu gosto de olhar para eles e gostava de falar mais com eles.
Gostava que me contassem as suas histórias gravadas nas memórias de um passado tão presente.
Naquela sala de espera, já estava farta de esperar.
Eles aguardavam pacientemente pela sua vez.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Os três sentidos

Naquela manhã ia até lá. As pessoas que me conhecem bem sabem que é um dos meus esconderijos preferidos. No meio da cidade e tão longe.
Sentei-me na esplanada vazia em frente ao court de ténis. O court fica em baixo e à volta existe um anfiteatro feito de pedra.
O silêncio era interrompido pelo canto dos pássaros, o som da bola a bater na raquete e o som dos aviões que ali passam.
Gosto de todos eles. O primeiro cheira a primavera, a flores, a pinheiros e eucaliptos. O segundo é tranquilizante e bonito.
O último faz-me voar também.
O homem desceu para o court e começou a alisar a terra. Andava para a frente e para trás no campo de cor de tijolo. Depois agarrou numa mangueira e começou a regar a terra. No fim ficou aquele cheiro que eu adoro da terra molhada.
Olho, ouço e cheiro e sinto que o conjunto é perfeito.
Aquela manhã em que o sol estava quente poderia ser uma tela com muitas cores, uma música bonita e calma e um perfume ainda por inventar.

domingo, 15 de abril de 2007

Não te esqueças

A noite
O silêncio
A tua voz
O que eu esperei
O inesperado
Os nossos medos
A tua calma
Quis tanto
Quente
O entusiasmo
O mel
Voltar
Ficar comigo

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Dorme bem

É bom ficar deitada ao teu lado e ouvir-te falar. Fazes-me perguntas e contas-me histórias.
Depois colocas a tua mão no meu rosto e abraças-me.
Fico a olhar para ti, sinto a tua respiração e o calor do teu corpo.
Os teus olhos escuros também olham para mim e por fim fecham-se. Adormeces.
Contigo tenho sempre a certeza que o nosso amor não tem limites e é eterno.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

terça-feira, 10 de abril de 2007

A Páscoa

Entrei naquela igreja que me viu crescer. Fui feliz ali.
Vi-me lá à frente a cantar ao som das violas.
Vi-me lá à frente no meu casamento.
Vi muitos rostos conhecidos envelhecidos com o tempo.
Olhei para o tecto, as paredes, os quadros e as imagens.
Esses continuam intactos, com as mesmas expressões a olharem-me e a perguntarem-me:
“O que é feito de ti?”

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Non ho l'età

Subimos os degraus que desceste naquela manhã para morrer. Foi duro abrirmos a porta e entrarmos na casa vazia sem luz.
Senti outra vez o teu cheiro.
Abrimos todas as janelas para o ar conseguir entrar. Ouvimos as tuas músicas. Tu estás presente através delas e contigo conhecemos tantas que aprendemos a ouvir desde pequenas.
Não conseguimos dormir.
Só senti paz quando fui ao pé de ti e ouvi o silêncio das palavras que te queria dizer.
Senti paz quando fomos até à Serra da Boa Viagem onde tantas vezes nos levaste, brincámos e corremos.
No dia seguinte, queria que passasse depressa para voltar. Já não conseguia estar na tua casa, vazia sem ti e queria fugir.
Antes de sair li muitos cartões de Aniversário e do dia do Pai que te escrevi e encontrei uma foto bonita de uma menina de 3 anos a agarrar a mão do Pai no jardim botânico de Coimbra.
Saí e trouxe-a comigo.

sábado, 7 de abril de 2007

Lá fora


quinta-feira, 5 de abril de 2007

A vida é um jogo?

Não me peças desculpa.
Afinal nada me pertence. Eu não sou de ninguém e tu também não és meu. Sei que não tenho nada e tudo o que aparentemente hoje tenho, amanhã posso perder.
Se desapareceste e te tornaste invisível para mim, é porque te sentes melhor assim. Eu respeito. Já ganhei e agora perdi.
Mas tudo aquilo que vivi, é meu e vou guardando tudo na minha memória. Tento arrumá-las bem. Acabei de arranjar um espaço para ti.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Falas, falas, falas ...

- Nós somos amigos há tantos anos e parece que não queres ver-me feliz. Desde que tenho namorado só dizes mal dele. Até parece que ele só tem defeitos e não tem qualidades. E ainda por cima não o conheces.
- Não conheço mas já deu para ver a pinta do gajo.
- Sabes, eu acho que a maior parte dos homens não conseguem ser só amigos das mulheres e mais tarde ou mais cedo revelam isso. E tenho a impressão que tens ciúmes.
- Ciúmes? Eu? Claro que não.
- Ai é? Então porque ages assim?
- Porque esse gajo vai fazer-te sofrer. E depois, tenho de te ouvir.
- Não tens razões nenhumas para dizer isso. E eu nunca critico as tuas namoradas. Aliás, tu é que tens de gostar delas. Eu não.
- Eu já te avisei. Esse gajo não te merece.
- Já chega. Falas, falas, falas e não sabes justificar as tuas acusações. E o que é isso de merecer? Até pode não dar certo, mas pode ser pelas mais variadas razões e não por não me merecer. Afinal na tua opinião, qual seria o namorado ideal para mim?
- Eu.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Japoneses

Os nossos jogadores de futebol deviam ser como o Oliver Tsubasa, Benji Price ou Mark Landers.
Estes são bonecos de uma série japonesa de desenhos animados.
Já vi algumas vezes e sempre que vejo acho muita piada. Eles são persistentes e lutam por uma boa classificação da sua equipa.
Nos seus rostos, há expressões sérias, sofredoras, de raiva e até ódio. Jogam mesmo quando estão lesionados e no relvado correm atrás da bola com uma velocidade impressionante. Mais surpreendente ainda, são os saltos enormes que dão e depois ficam parados no ar. E não sei como não furam a rede das balizas, tal é a força com que a bola é projectada.
Estes sim, são verdadeiros campeões.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Nha nha nhas

- Foi tão bom… Gostaste?
- Sim.
- Adoro estar aqui abraçada a ti. És mesmo querido. Gosto tanto de ti. Estás a ouvir? Fala comigo!
- Deixa-te de nha nha nhas e dorme.