Naquele fim-de-semana ficou sempre em casa. Sentia-se muito cansado e farto da rotina do dia-a-dia. Durante a semana dormia umas cinco ou seis horas e quando se olhava no espelho percebia que a vida que levava e as poucas horas de sono que dormia estavam a envelhecê-lo.
Não ligou a ninguém nesses dois dias. Também ninguém o contactou. Sentia cada vez mais que na realidade não precisava de ninguém para sobreviver. Nem de família nem de amigos. Não sentia a falta de ninguém.
Passou esse fim-de-semana sem pronunciar uma palavra. Também não viu televisão nem ligou o computador.
Dormiu muitas horas, cozinhou, comeu, ouviu musica e leu muito.
Era na leitura que sentia o contacto com o mundo, com os sentimentos que já não conseguia sentir.
Conseguia descrever esses sentimentos na perfeição, analisava cada personagem e tentava sugar-lhes a alma.
Lembrava-se vagamente que há vinte anos atrás tinha sido diferente. Sim, ele já tinha sentido muitas emoções como todas aquelas que absorvia agora dos livros.
Infelizmente a sua memória era muito má e quase nada lhe restava.
No domingo à noite sentou-se na cama a ler. Apagou a luz por volta da uma hora e quarenta minutos como era hábito e acordou como sempre às sete horas e cinco minutos.
Levantou-se nove minutos depois, às sete horas e catorze minutos quando o despertador voltou a tocar.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
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