O coração do meu pai deixou de bater numa sexta-feira de
manhã.
A partir desse dia e durante muito tempo criei uma espécie
de ódio pelas sextas-feiras.
Acordava com um vazio e desejava que o dia passasse
depressa.
Às sextas-feiras à noite queria ficar sempre sozinha,
comigo.
Ficava sempre em casa e muitas vezes procurava ver um filme
que me fizesse chorar.
E caíram muitas lágrimas de raiva, de saudade e de amor.
Agora que faltam poucos dias para completar seis anos que
perdi o meu pai, já consigo que as minhas sextas-feiras oscilem entre a solidão
ou uma espécie de libertação.
Às vezes às sextas-feiras acontecem-me surpresas boas. Alguém que inesperadamente se lembra de mim.
Às vezes sinto-me sozinha. Sou capaz de agir por um impulso
para que uma sexta-feira seja diferente e apetece-me dar e ter pequenos e
grandes prazeres.
Ou hiberno ou encontro-me-te com amor.
1 comentário:
É verdade JP. E nesta sexta-feira sobrevivi a um diluvio :) Um abraço!
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